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Desvendando a Memória Humana: Inimigos e Hábitos para uma Mente Poderosa

A memória humana é um dos nossos ativos mais preciosos, permitindo-nos aprender, funcionar e interagir com o mundo. No entanto, em um cenário moderno de sobrecarga de informações e um ritmo de vida acelerado, muitos jovens e adultos buscam melhorar sua capacidade de memorização e concentração. Este artigo explora os problemas comuns de memória, os fatores que a prejudicam e os hábitos essenciais para potencializá-la, revelando que a memória não é uma questão de “ter”, mas sim de “estar”.

Problemas Comuns de Memória

É fundamental distinguir entre diferentes tipos de problemas de memória:

Mal de Alzheimer: Uma doença neurodegenerativa que ainda não tem cura e é considerada um grande problema de memória.
Amnésia: A perda de memória, que pode ser temporária ou permanente, total ou parcial, dependendo da causa. Fatores como pancadas, quedas, choques, uso abusivo de álcool e drogas, e até mesmo choque emocional ou térmico podem levar à amnésia.
Lapsos de Memória (Brancos): São perdas temporárias de memória que afetam todas as pessoas – crianças, jovens, adultos e idosos. Podem ser causados por estados fisiológicos como fome, cansaço, ou falta de sono. No entanto, a causa mais comum é o nervosismo, a ansiedade e o estresse. Um estudante que estuda muito e “dá um branco” na prova, ou a dificuldade em lembrar um nome ou informação durante uma conversa, são exemplos típicos. O fenômeno peculiar é que a informação está lá, mas o acesso a ela é bloqueado, muitas vezes retornando assim que a pessoa relaxa.

Os Inimigos da Memória no Mundo Moderno

O mundo atual, com sua vasta quantidade de informações chegando por todos os meios (telefone, rádio, internet, televisão, jornais e revistas), representa um desafio para a memória. A dificuldade em lidar com tanta informação em pouco tempo pode gerar angústia e ansiedade. Além disso, a tecnologia, que deveria libertar e criar tempo livre, muitas vezes consome nosso tempo mais precioso com informações que não agregam.

Os principais “inimigos” da memória incluem:

Estresse, Ansiedade, Depressão, Preocupação e Irritação: Estes elementos são grandes inimigos da memória. Eles causam falta de concentração, dificuldade em memorizar e dificuldade em lembrar, resultando em “brancos”. Esses três sintomas juntos podem levar a uma fadiga e cansaço mental, culminando em preguiça mental e sonolência inexplicável.
Sedentarismo: A falta de atividade física prejudica a memória, pois não há boa oxigenação e circulação adequadas.
Má Alimentação: Pular refeições, especialmente o café da manhã, pode fazer com que o cérebro funcione com pouca energia, afetando a concentração e a capacidade de memorização.
Desidratação: Não beber água suficiente prejudica a memória, pois a água melhora os estímulos elétricos e as reações químicas do cérebro.
Falta de Sono: Comprometer o tempo de sono (dormir menos de 6 a 8 horas por noite) prejudica o processo de memorização e a consolidação do aprendizado.

Os Hábitos dos Campeões de Memorização

Não existe um “remédio” para a memória no sentido de uma pílula que faça você lembrar instantaneamente de algo esquecido, pois a localização exata da memória no cérebro ainda é desconhecida pelos cientistas. Produtos como o Ginkgo Biloba, por exemplo, agem como vasodilatadores, melhorando a circulação e, indiretamente, a oxigenação, mas não funcionam sozinhos se outros hábitos não forem adotados.

A chave para uma memória eficiente reside em um conjunto de hábitos diários que podem potencializá-la em até dez vezes, sem a necessidade de técnicas complexas:

1. Fazer Atividade Física: Caminhadas, corridas ou qualquer esporte praticado três vezes por semana, por meia hora, melhoram a circulação, oxigenação, disposição, humor e, consequentemente, a memória.
2. Alimentação Saudável: Uma alimentação balanceada, especialmente um bom café da manhã, é essencial para fornecer energia ao cérebro.
3. Beber Água Constantemente: A hidratação adequada melhora os estímulos elétricos e as reações químicas cerebrais.
4. Dormir Bem: Dormir entre 6 a 8 horas de sono bem dormido por noite é crucial para consolidar o aprendizado e manter a memória eficiente.
5. Exercitar a Memória: A memória, como um músculo, melhora quanto mais é usada. Atividades como:
Palavras Cruzadas: Ativam conhecimentos armazenados, fazendo com que você busque informações “no porão da memória” que não usa há muito tempo. O ideal é começar com níveis fáceis para desfrutar o passatempo de relembrar.
Leitura: Ajuda a melhorar a memória.
Redação: É um super exercício para a memória, pois exige a ativação de inúmeros “arquivos” mentais para construir frases, contribuindo para uma mente lúcida e raciocínio rápido.
Aposentadoria Ativa: Para pessoas de mais idade, é crucial manter o cérebro em constante estimulação, seja lendo, escrevendo memórias, ensinando ou dando aulas. Pessoas como Dercy Gonçalves e Roberto Marinho são exemplos de lucidez em idade avançada, mostrando que a memória não está condenada a se perder com a idade.
Perguntar para a memória: Conversar com sua memória antes de sair ou fazer algo (“O que preciso levar?”, “Estou levando tudo?”) ajuda a ativar a lembrança e evita esquecimentos.

A Mecânica da Memória: Como as Informações São Gravadas

A memória é um mecanismo de defesa, guardando primeiramente o que provoca dor e sofrimento (experiências negativas), para que possamos evitar acidentes e problemas futuros. Experiências positivas e prazerosas, por outro lado, geram o desejo de repetição.

A formação da memória acontece através dos cinco sentidos:
Memória de Curta Duração (Ralo da Memória): Informações que não causam nem dor nem prazer no ato de estudar, por exemplo, tendem a ir para o que é chamado de “ralo da memória”. É uma memória de reconhecimento, usada para tarefas temporárias, como lembrar um caminho ou o nome de alguém apenas para gentileza. Para melhorar, é preciso mais concentração, atenção e repetição (dizer o nome da pessoa pelo menos seis vezes durante o contato).
Memória Intermediária (Ativada): Ocorre quando há interesse e motivação. Se você gosta ou se interessa por algo (como se apaixonar por alguém e memorizar todos os detalhes sobre essa pessoa, ou um adolescente que memoriza escalações de times de futebol e jogos de videogame), a memória é ativada e tem uma duração maior. Não é problema de memória ou concentração, mas sim falta de interesse ou motivação nos estudos. Um estado mental positivo e a capacidade de encontrar prazer nas atividades (mesmo naquelas que inicialmente não gostamos) são cruciais.
Memória de Longa Duração: É a memória de vida e das habilidades, formada por experiências repetidas sistematicamente. Assuntos complexos que exigem revisão periódica (a cada 15 dias ou uma vez por mês) para serem consolidados. A repetição faz com que a informação seja guardada por toda a vida, mesmo que não seja algo que se queira conscientemente memorizar.

Conclusão

A memória humana é, na sua essência, perfeita; somos nós que, muitas vezes, atrapalhamos o seu funcionamento. O segredo para uma memória eficiente e potente reside em cuidar bem do seu sistema nervoso, estar de bem com a vida, no trabalho, nos relacionamentos e na família. Não confunda falta de memória com falta de organização, e saiba que jogos como xadrez ou dominó melhoram o raciocínio, mas para melhorar a memória é preciso manipular e usar o conhecimento constantemente. Acredite na sua memória, pois “memória ruim” é um conceito que não existe.

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